domingo, 17 de outubro de 2010

O Urbano e o Lírico podem andar juntos.

Agora nos ônibus que circulam pela Usina (Grande Tijuca) tem poesia escritas atrás da cadeira do motorista. É uma boa ideia que podia ser levada para todos os ônibus, para muros de hospitais, escolas, delegacias, para as pontes, enfim... podia se expalhar poesia, desenhos e outras formas de cultura pelos espaços públicos da cidade. É uma forma de dar acesso ao cidadão às artes, expandir seus horizontes e tornar nosso cotiano no mundo urbano mais lírico e menos árido.

Aí vai uma que eu li num ônibus e copiei com caneta num caderno:

CÍRCULO VICIOSO

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

- Pudesse eu copiar o transparente lume,
que, da grega coluna á gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela !
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
- Misera ! tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume !
Mas o sol, inclinando a rutila capela:

- Pesa-me esta brilhante aureola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?
(Machado de Assis)

Para quem quiser conhecer mais do grande Machado de Assis vai aqui um link interessante. http://www.paralerepensar.com.br/m_assis.htm

2 comentários:

Dinair disse...

Bicho, eu não conhecia esta poesia. Outro dia de manhã, indo trabalhar, tive o prazer de ler.
Muito legal essa iniciativa né?
Grande abraço, Wanderson!

Eduardo Martins disse...

Quem sabe um dia ler Wanderson Silva de Souza em um 638. Faço votos disso!
abraço