Eu fui votar. Votei por uma simples questão de não me colocar à parte da sociedade. Ah, sim. O voto é obrigatório, porém ele pode ser anulado ou pode ser em branco. Mas... eu não vejo essa opção como factível no momento. Apenas decidi que era melhor optar por um dos candidatos e estar presente no processo de condução dos negócios da nação. Votar em ninguém dá a impressão de que o voto é a única instância de participação nossa na sociedade. E não é. O voto não é um ato irrevogável e que só pode ser sanado, corrigido e repensado quatro anos depois.
A Política. Polis: Cuidar dos negócios da cidade, é algo permanente, vivo, em constante movimento e incessante construção. A Política e não se circunscreve tão somente ao ato de votar.
É isso o que eu penso. Pronto. Dei minha opinião, afinal, vivemos ou não numa democracia? Portanto posso dar minha opinião.
“Vivemos numa democracia?!” (Alguns ironizarão) Ah, a mídia manipula as opiniões?! Sinceramente, eu não vejo a nós, o povo(as pessoas), tão crianças e tolos ao ponto de sermos “vaquinhas de presépio” à mercê de quaisquer marketeiro.
Podemos nem sempre conhecermos os contextos históricos às quais as bases da sociedade de hoje foram assentadas. Isso muito mais pelo difícil acesso ao Conhecimento. Podemos nem sempre(quase nunca) termos conhecimentos dos termos e processos e táticas e conceitos da Ciência Política. Mas... TRATA-SE DO MUNDO E DO BARCO ONDE NÓS VIAJAMOS, CERTO?! É “o nosso que esta na reta”, certo?! Então, quero crer que entendemos alguma coisa (e não são poucas coisas) sobre nosso bairro, cidade, estado, país e planeta. Não nos tomem como ignotos ou crianças tolas. Não somos loucos e nem idiotas “a la Homer Simpson”. Sabemos o que estamos fazendo, e quando não, em algum momento, quando “a cobra fumar” tomamos ciência de nossos erros e aprendemos com eles, (ainda que às custas de duras baixas), e não nos rendemos. Não por uma questão de Coragem, mas simplesmente porque render-se é inaceitável, quando a outra opção é morrer de fome, de desemprego, de bala perdida, e etc. Nós, as pessoas! Nós, os seres humanos(!), não estamos tão à mercê de uma elite dominante e “vilã de quadrinhos” como muitos camaradas(meus) de esquerda e irmãos(meus) esotéricos pensam.
E, fazendo o mea culpa: Nós, esses caras doidos do mundo da Esquerda falam das massas de manobra e dos inocentes úteis; E nós, Esótericos, (me incluindo também nesse grupo) vivemos a bradar sobre “os que dormem”, os que precisam despertar para a New Age e coisa e tal. Eí! A Humanidade não é bem assim: Não é uma massa de manobra (como falam nós, os “esquerdistas”) e nem é um bando de adormecidos(como falam nós, os "esotéricos”).
O que é isso?! Não somos marionetes nem de deuses e nem uns dos outros. Cedo ou tarde, “a casa cai” (a farsa é desmascarada) e o Equilíbrio se refaz. Quer pensem ser isso uma profecia ou uma mágica ou um otimismo polianesco... isso não importa. Vai da crença de cada um. Eu prefiro crer que minha convicção desse fato reside simplesmente na constação da existência de um ser humano inteligente e com forte instinto de sobrevivência que um dia se cansa de apanhar e começa a agir. E esse ser humano Guerreiro e Perspicaz existe aos bilhões nesse planeta. E existem em todas as suas formas, credos e instruções. Eles não existem só nas catedrais, nas acadêmias de notorio saber, nos "Partidões", nas ordens iniciaticas e nos quarteis. Eles também existe no sofá da sala em frente à tv.
Ah, tem pessoas que agora acreditam no mito de que todo evangélico é tapado e estúpido. Tem pessoas que acreditam que o dinheiro embrutecem as pessoas e quem é rico é necessariamente pilantra e insensível. Que para ser lutador, contestador e “ser gente que faz” não pode apreciar umas compras no shopping. Parece que gastar dinheiro com cosméticos e ocupar parte do tempo cuidando da aparência afeta negativamente os neurônios. Já ouvi falar nesse novo mito. E quem afirma isso são pessoas que se dizem "desconstrutoras de mitos"(desmistificadoras). Nem bem estamos na metade da luta contra os antigos preconceitos(machismos, homofobia, antissemitismo, etc) e novas modalidades de preconceitos surgem, quietinhas, “na calada da noite escura” de nossas almas: Os preconceitos contra evangélicos, contra os ateus, contra as patricinhas, contra os funkeiros, contra os surfistas, contra as loiras, contra os êmos, e etc.
Os preconceitos são formas de nos desviar das questões que realmente podem ser a diferença entre viver e morrer, LITERALMENTE: A rua mal iluminada, a escola sem recursos, os hospitais lotados, a TV aberta sem opção de programas culturais, as pontes em péssimas condições que podem desabar a qualquer instante, a velhice e a infância desassistidas, a exclusão ainda vergonhosa do negro na tv, o desejo, improvável e estranho, cada vez mais crescente em alguns seres pelo retorno da ditadura no Brasil, e tantas outras questões que fazem a diferença entre a vida e a morte de centenas de pessoas. E “Morro do Bumba” é a triste prova de que não estou sendo melodramático.
Ah, e se pensarmos que não temos força para administrar todas essas demandas, pois quem “dão as cartas” são as elites dominantes?!
O mundo não é de uma elite dominante. E quando parece que ele é, é o momento do “cair da ficha” e da retomada do Mundo por aqueles a quem ele, (O Mundo) verdadeiramente pertence, que é a sua coletividade(os seus habitantes).
Egito, Roma, Inglaterra e etc. Todas essas elites já passaram. Sempre existiram elites dominantes e o talento final de todas elas é a derrocada. O poder total é algo grande demais, abstrato demais para ficar por muito tempo sob o controle de poucos.
O voto, o grito, o poema, a espada, o amor, a cruz, a pena, a anedota, o debate, a pregação, o tumulto e a meditação... tantas formas de intervir no Mundo. O ser humano é incrivelmente dotado de variedades de expressão. O forró numa esquina vira, de súbito, uma plenária onde serão deliberadas sérias medidas contra a empresa que não cumpre bem com os seus serviços na área. O ser humano é improviso e é difícil de derrubar. Ele cai e se levanta.
O pastor, pai-de-santo, o budista, o ateu, o marechal, o vergana, o extrema direita e o marxista, o mestre iluminado, o miliciano, o apresentador de TV, o filosofo morto da moda, o herói, o cangaceiro e tantos outros ícones que nos causam assombro e encantamento, (senão algumas vezes alucinada e vertiginosa veneração) não são os donos da Verdade e da Realidade, pois todos eles são passageiros. Todos eles morrem. Eles têm um prazo final na Terra. E todos esses e outros são donos (e quando são),apenas temporários, da realidade, da verdade, do planeta, da rua em que moramos. Donos sim, talvez, mas somente sempre temporariamente, eu volto a repetir. Não existe um avatar dotado de poderes divinos e impossível de ser derrotado, deposto e questionado. Todos são passiveis de interdição e não estão acima do Bem e do Mal e de todos os outros seres humanos. Por mais que sejam eficientes em criar a ilusão temporária de que de fato são semideuses eles não resistem à força do descontentamento imprevisivel de um grupo que se forma tão somente para o fim de derruba-los. Grupos que não tem outro vínculos, ou regras, bandeiras, hinos, credo ou partido, e que apenas se formam para derrubar outros grupos que perderam a sua função geradora de Vida.
A vida, de fato, não tem dono. Basta um coletivo formar-se, em torno de um objetivo, e com força suficiente, que a mágica acontece: A Vontade age sobre as Realidades e a submete ante seus desejos e necessidades. Todas as Realidades: Tanto a Natural dos empíricos, quanto a Cultural dos pensadores sociais, quanto a Transcendental dos ocultistas.
Porque, no fundo, a Terra pertence à TODOS NÓS. Quando nos lembramos disso, a Terra deixa de pertencer a um “Sistema Inquebrantável”.
O SISTEMA SÓ É INVENCIVEL ENQUANTO ELE EXISTIR DENTRO DE NÓS. Nós somos o sistema. Ele só existe a partir das pessoas, sendo aparentemente abstrato, nos esquecemos de sua dimensão concreta que só se realiza nos indivíduos. Eu, como individuo, venço(ou ao menos tento) o sistema todos os dias, pois não o deixo criar raízes na única peça dele que esta sobre meu controle: Eu mesmo.
E como que é que eu mato o sistema que subexiste em meu interior?! A resposta é simples de responder e dificil de ser praticada: Policiando minhas palavras e atos de preconceito, intolerância, soberba e segregação.
Quando eu derroto esse sistema que há em mim, estou derrotando um “soldado” do sistema e, por conseguinte, provocando uma baixa no circulo vicioso de controle e opressão. Quando me permito expressar com liberdade e amor próprio e quando DOU PASSAGEM para todas as diferenças que me circundam a despeito da disputa de espaço, quando não faço coro para piadas de cunho preconceituoso e que visam a segregação, eu deixo de ser um “soldado” do sistema. E quando deixamos de ser um "soldado" do sistema, ele fica com uma peça a menos.
Essa a razão da minha antiapologia da invencibilidade do sistema.
Sem mais, grato pela atenção dispensada.
Assina esse texto: Wanderson Silva de Souza.
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