quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Da Fé Incerta ao Dogma da Duvida

Por isso, a Adriana, o Roberto e eu corremos demais. 
É porque, Cuidar do mundo exige pressa, Clarice.
Eu sei, eu sei,
eu sei que o Renato disse
que a mudança levou tempo demais por ser tão veloz.
É melhor ir com muita calma nessa hora foi o que me sugeriu o Bruce.
Mas por mais que o tempo seja o mano velho do Pato Fu e o Rei do Gil,
eu ainda tenho a ilusão do tempo.
Esse tempo mesmo que os ponteiros e calendarios apontam e indicam.
Esse tempo abstrato e pretensamente universal que aparentemente nos une, 
mas que na verdade nos isola todos em nós mesmos
numa prisão de limitações, regras e senões.
Sei lá, acho que melhor mesmo ir com muita calma nessa hora, né, Dr. Banner?
Mas que hora?!
Ora, veja, se só na Veja o mundo ainda é passivel de entendimento.
Mas que hora!? Se quem antes já fez a hora,
hoje não sabe e não faz acontecer nada senão velhos bordões
bordões e palavras de ordem de uma epoca morta, de heróis obsoletos.
E se não tenho temporalidade fico também sem noção de minha espacialidade.
E se não sou mais o mesmo, nem esse tempo ou espaço os mesmos, Seu Heraclito.
Se o mundo esta perdido, entonces vamos procura-lo, o pá.
Mas, onde?! Pelo lado esquerdo ou pelo lado direito???
E tem lado o mundo? Ou tudo depende de onde estou, Seu Albert?
Ainda ontem eu fugia estratégicamente pela esquerda, mas hoje, veja bem...
Mas hoje, vejam bem...
Veja bem: Hoje eu tenho pressa, Clarice.
Sou menos esoterico, seu Gil. Sou menos materialista, seu Marx.
É que essas dicotomias já estão por demais esmaecidas.
Ah, TUDO tão mesclado. Ah, Tãoooo mesclado, as antigas noções...
Ah, as noções estão descontroladas...
Elas estão descontroladas.
Desculpe voltei mais puro da última vida.
E até as incertezas suas, Clarices, não me bastam mais.
Nem prefiro mais suas metamorfoses, Raul.
Desculpe, Clarice, Gil, Marx, Raul, mas estou vazio de gurus.
Meus gurus, quando no máximo são meus contemporâneos.
Mas só os contemporâneos que estão também vazios de gurus.
Sozinhos e vazios de gurus.
Porque só esses me buscam e se deixam buscar é que se bebem com sede.
Desculpe, Sai Baba. 
Desculpe Lenin. 
Desculpe Freud. 
Desculpe, Jung.
Ainda gostamos de vocês.
Mas precisamo viver nosso proprio tempo sem suas ajudas.
Estou sozinho e vazio de gurus.
E somente sozinho de metres e gurus, me uno ao mundo.
Um mundo sem temporalidade, espacialidade, credos ou manifestos.
Um mundo entregue ao nosso vacilante, titubeante e precário governo
E assim mesmo não absoluto, despido de um sentido conclusivo é o que queremos
Um governo inconcluso, pleno de reticências...   
Um governo sem salvador e sem guia ou roteiro previamente conhecido.
Um mundo não de gurus, mas antes sim: Um mundo de coletivos.
Somos Mestres uns dos outros, porque os antigos mestres estão mortos.
E deixemos que descansem os mestres antigos, 
Passado foi a época deles e muito devemos a eles.
Já viveram todos suas incertezas e perguntas.
É nossa vez agora de nossas perguntas e incerterzas
É hora até mesmo de duvidar disso também.
Porque se duvidamos do tempo, 
como afirmar que é  ou não a hora?! 
Mesclando a Fé Incerta com o Dogma da Duvida.
Por isso corremos demais, Clarice.   

Wanderson Silva de Souza.

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