sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Um dia

Um dia
Eu fui e não quis mais voltar
Mas, que é o valor de ir
e de não voltar?!
Ainda que eu volte também de que adianta?
Ouvem? Sentem?
Eu ouço?
Não, não ouço as pessoas
E nem ouço a mim mesmo
Não ouço os sons que vem de longe
Não ouço direito, nem vejo muito bem
E sou visto e sou ouvido?
Um dia eu vou de vez
Esse dia vai chegar quando eu souber onde estou
Quando souber onde estou, eu ouvirei, verei
E quando acontecer, eu serei visto e ouvido
E, sendo visto e ouvido terei ido de vez
Por isso é que não ouço e não vejo
Não vejo e não ouço para ficar mais um pouco
mera conjectura e sandice
sinceramente um mero jogo de palavras
Não pretendo dizer nada em particular
tampouco lançar alguma semente de reflexão
Apenas me uno ao silêncio bovino que grita coisas loucas, vãs e perversas
Ah, os homens em silêncio são mais sensatos quando comungam na quietude
Muito mais do que no berro louco dos que se distanciam mais e mais uns dos outros
Ah, um dia, quando eu silenciar
quando eu silenciar para poder falar algo útil, belo e bom
aí sim, vou embora de vez
Enquanto isso não acontece, ainda preciso de mim mesmo agora, aqui
Não perco a esperança de dizer algo bom, belo e útil
Quando o disser, não precisarei mais ficar
Pois já terei cumprido minha sina e meu papel
Mas... hoje, ao menos, nada tenho a dizer
Que não seja mero jogo de palavras
Poéticas, loucas, porém sem comunhão com os homens
Um dia eu vou embora de vez,
depois que comungar no silencio com os homens de boa vontade poderei ir de vez
por hora, só vou daquele jeito dos que vão para um dia voltar
mas... que é o valor mesmo de ir, sabendo que se vai voltar?!
Eu não quero mais voltar
Um dia

Assinado: Wanderson Silva de Souza.

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