terça-feira, 31 de março de 2009

O Jardim

Na parte direita, homens jogam cartas em embaixo de uma estrutura feita de pedra. Jogam em mesas que também são de pedra.
Uma mulher em andrajos conversa, com um gari, coisas desconexas. Este varre o chão, sem olhar para ela. Ao lado dessa mulher, no banco onde ela esta sentada, tem uma caixa de papelão, com um gato dentro. Em seguida o gari atende o seu celular, e com a mão, que ainda esta livre, continua a varrer o chão.
Muitos dos bancos verdes estão desocupados.
Um senhor idoso, que esta numa parte cercada, onde temos brinquedos típicos de uma pracinha, lê um jornal. Ele esta sem camisa e aparenta tranqüilidade. O chão em que ele pisa, tem partes mescladas de asfalto, terra preta, terra batida e pedras portuguesas.
Tem um coreto nessa praça, e em sua base descansam tanto um vaso de plantas quanto uma vassoura.
E quando saio da praça, vejo que numa das ruas que ladeia a mesma, tem um livreiro, que vende pequenas preciosidades do patrimônio da humanidade à preços bem populares: Bastou catar umas moedinhas e adquirir um livro, de capa dura e páginas em perfeito estado de preservação, de coletâneas de Edgar Allan Poe, pela ninharia de três reais.
Mas, não resisto ao livro mais imediato que se apresenta a minha disposição: A Praça. Portanto, retorno para ela. Lá, eu vejo que agora, a mulher em andrajos, conversa com uma menina. O gari ainda esta falando ao celular, mas desta vez, sua vassoura repousa tranqüilamente apoiando-se em seu corpo.
Muitos gatos, pombos e outros diversos pássaros presentes nesse habitat. O cantar, desses pássaros, compete com as buzinas dos carros.
Moradores de rua, guardas municipais, crianças, idosos e casais. Esses casais não namoram. Alguns sequer conversam: Eles apenas ficam parados, não olham uns para os outros. Estão apenas sentados. Pessoas que trajam roupas desgastadas, roupas casuais, a alguns de terno passam.
De onde estou sentado, à minha direita, o corpo de bombeiros; na direita, vejo a estação de trem; se olho para a frente, vejo o terminal de ônibus, sendo que atrás tem o hospital Salgado Filho.
A menina, aquela que antes conversava com a mulher em andrajos, vem em minha direção.
Ela se aproxima e pergunta se quero comprar canetas. Eu paro de escrever esse relatório e mexe de novo em minha “capanga”, para catar mais moedinhas. Queria eu ter uma moeda de “Um real” para não dificultar a pequena: Imagino que, sendo tão pequena, convém que eu não lhe de dinheiro tão trocado assim, afim de não dificultar a cabecinha dela. Mas, enfim, acabo mesmo lhe dando duas moedas de “vinte e cinco” e cinco de “dez”. Com certo didática improvisado, chamo-a atenção dela para que ela atente o valor “fragmentado” que eu lhe passei. Mas não se ela compreendeu corretamente que eu tinha lhe pago, de fato “um real” em moedas trocadas.
A mulher de antes, agora dorme, apoiando seus pés na tal caixa de papelão.
Quando finalmente saio da praça, vejo que a rua onde tem o livreiro, tem outras barracas, algumas que vendem doces e balas, outras camisas e bolsas de mulher. Ou seja: Um pequeno comércio de produtos de baixo custo. Nessa mesma rua, onde tem um ponto do 638, pombos e pessoas compartilham, de modo aparentemente harmônico, calçada.
De onde vim, do Salgado Filho, estava tudo calmo. Aquela calma, de pessoas com pernas e braços enfaixados, algumas, do lado de fora, nos degraus, onde fumam. Alguns PMs estão lá, mas nenhum distúrbio se verifica. Nem tv, nem gritos, nem mortes. Só pessoas, APARENTEMENTE, em harmonia... É, PARECE TUDO MUITO CALMO NO MUNDO.

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