sexta-feira, 2 de abril de 2010

ÁGUA






O mar segundo os mitos de muitas culturas é a origem da vida. O sal é visto como algo sacro em muitas religiões. Conta-se (mas há dúvidas quanto a isso) que a descoberta do sal como algo bom para se colocar nos alimentos foi feita casualmente. Alguns alimentos eram depositados na areia e as ondas passavam por eles, salgando-os.




Os humanos primitivos inicialmente pensavam que era o mar em si que os deixava salgado. E por esse motivo consideraram o mar como algo sagrado. O sal conservava mais os alimentos e os deixavam mais saborosos.


O sal também foi uma das primeiras moedas nas relações comerciais da espécie humana,(senão a primeira).


No Protestantismo (que hoje chamamos de igrejas evangélicas ou crentes) usa-se muito o termo “o sal da terra” para denominar algo essencial para eles: O “pão do espírito”. A Palavra (e vem com maiúscula em respeito a sacralidade que a ela é atribuída por muitos)... a Palavra (nesse caso, a “Palavra” ou o “Verbo Sagrado” que seriam os mandamentos do Senhor Deus descritos na Bíblia) Essa Palavra(A Palavra ou O Verbo Sagrado ou simplesmente O Verbo) é considerado “O Sal da Terra" ou ainda a própria Bíblia ou aquele a quem a nós cristãos(Nós, pois eu me incluo uma vez que sou cristão) chamamos de Jesus Cristo, O Messias.


Em outras crenças-fé-esperanças, temos também o mar (Mar) como algo substancial e associado à vida.


Na mitologia Greco-romana temos Poiseidon(versão grega) e/ou Netuno(versão latina)
Esse é o sucessor de Oceano, uma divindade primordial (dos primórdios, inicio). Oceano era um titã, uma das quatros estirpes de deuses engendrados(concebidos) por Gaia(Terra em grego) com seu filho Urano(céu)
Enquanto Oceano muito mais do que personificar o mar, sendo eleo próprio mar, Poseidon representa aquele que tomou os domínios do mar, como espolio de guerra. Da guerra que ele e seus irmãos(Os Olimpicos) empreenderam contra as forças selvagens da natureza(Gaia).
Oceano, segundo o mito, casou-se com sua irmã, a Titãnea Reia(???) e concebeu os três mil rios que existem no mundo(na concepção do grego da antiguidade) e as três mil Oceanidas, Ninfas do Mar. (De Ninfa, vem o termo moderno “ninfeta” que quer dizer uma moça nova e bonita. O que faz sentido, uma vez que as ninfas eram eternamente jovens e dotadas de rara beleza)
Voltando ao fato de Podeidon ter sucedido (ou tomado mesmo) o reinado de Oceano sobre o mar: Esse mito representa o período em que o homem grego passou do nomadismo ao sedentarismo aprendendo as técnicas de agropecuária e portanto tendo condições de estabelecer cidades e por conseguinte a assim chamada civilização. A vitória dos deuses olímpicos contra os Titãs e posterior encerramento destes últimos nas entranhas de Gaia(exilando-os portanto) simboliza, segundo muitos “especialistas em mitos”, o evento do homem grego de domesticar as forças da Natureza(Os Titãs) e pondo-as à seu serviço. Numa analise mais individual, é o domínio dos instintos e paixões em favor da razão. Uma vez que as divindades olímpicas representam o império da racionalidade, do superego e de todo um código de leis daí advindos.
Mas temos também, ainda nos mitos Greco-romanos, o ser conhecido simplesmente como “Ponto”.
Ponto, ao contrario de Oceano e Poseidon, não tem origem, posto que é o próprio "Eterno". O Mar Primordial seria uma antevisão dos gregos da “sopa primordial” (Big Bang.) Os físicos da atualidade afirmam ter existido no evento do “Big Bang”. Ponto não tem representação humana, ele é o Todo, como em muitas religiões se acredita existir. Ou “O Uno”.


Por fim, retornando ao Oceano, este concebeu também com Gaia-Terra um único filho chamado de Nereu, o Terceiro Velho do Mar. Este, por sua vez foi pai das três mil Nereidas, também ninfas do mar. Nereu costuma ser retratado como um velho de longos cabelos e barbas brancas e que vive solitário em ilhas distantes do continente. Poderoso para atender pedidos, no entanto muito é difícil cair em suas graças, uma vez, que a “representar” aspecto mais negativo do idosos(o velho ranzinza) ele tende a ser muito esquivo ao contato social, preferindo a companhia dos seres viventes do mar.


Para compreender melhor o conceitos de Ponto, dos gregos da antiguidade, eu particularmente, sugiro ouvir a letra e música chamada ‘O Oco do Mundo”, de Gilberto Gill, donde cito esta passagem “Rio sem foz e sem nascente”, do cd “Banda Larga Cordel".


Podemos também compreender melhor a ideia de Ponto com o “Eterno Retorno” conceito filosófico formulado por Friedrich Nietzsche.


A ideia de circularidade. Muitos associam o mar ao círculo e ao universo, não raro produzindo histórias de navios que singram o espaço sideral como se estive num meio aquático.


Tanto no Catolicismo e no Protestantismo, como no Umbandismo e no Candomblecismo, temos a água como algo sagrado. Sendo que nesses dois primeiros verificamos o rito do “Batismo” que é o mergulhar a cabeça na água afim de se limpar das “impurezas” e da vida antiga. (O velho homem morre para dar lugar ao novo homem.)


Associado aoo batismo esta a ideia de parto. Pois o feto fica imerso em substância liquida, no ventre de sua mãe.
Por falar em mãe, voltando à religiosidade de Umbanda e Candomblé, muito amadas e veneradas são as rainhas-mães que são, de uma forma ou de outra, relacionadas às águas: 
Iemanjá - o mar em si, todo o oceano, águas salgadas;
Oxum - águas doces, cachoeiras e rios; 
Nanã Borukê - aguas paradas, lodos e todo tipo de mistura possível entre os elemento águas e terra.


Indo mais a fundo (ou pelo menos tentando) nos mitos iurubás temos Iemanjá que veio a substituir a matrona Nanã Borukê como Rainha-mãe de todo o panteão dos deuses de origem africana. Isso quando as tribos de origem yorubá conquistou as tribos de origem daometana, esses útilmos que cultuavam deuses(orixás) mais circunspectos. A Iemanjá (alvo do respeito e da deferência da maioria de nós, brasileiros, mesmo os que são de religiões diversas ou mesmo os agnósticos e ateus) é uma deusa de origem Yoruba. Povo esse que são adoravam divindades mais descontraídas e mais acessíveis devido a seu caráter mais suave e menos severo.



Com tantas referências poéticas e que nos exortam a fé e a criar músicas e palavras de consolo ainda assim não podemos deixar de atentar ao fato de que o mar tem também suas facetas não tão glamourosas assim. A vida de pescadores em muitas partes do mundo sempre foi, desde os tempos mais remotos da Humanidade, repleta de medos e perigos eminentes e repentinos. Não é de se estranhar que seja tão grande o respeito e a admiração pelo mar. (E em parte é medo.) A tal ponto, segundo os antropólogos, a necessidade de “cultuar” e atribuir aspectos divinos, sobrenaturais, e às vezes humanos, ao mar.


Mas somado aos adversários naturais, tais como tempestades, tubarões e outros, que os pescadores sempre tiveram que enfrentar, else lidam também com obstáculos socioeconômicos, tais como a pesca comercial, que é feita em larga escala, e portanto, quase impossível de se competir com eles. Imaginem o preço de um bacalhau(estamos numa sexta feira santa) na feira. Um bacalhau pescado em larga escala pode vim com um preço bem mais em conta do que aquele pescado por homens num único barco e sem recursos para as tecnologias que facilitariam seu trabalho. Portanto, acaba que não é possível que um produto assim, proveniente da pesca artesanal, possa vir com um preço baixo. É uma luta de Davi contra Golias.


Na primeira metade do século XX, o baiano conhecido como “Jacaré”, então representante dos pescadores da Bahia, empreendeu uma corajosa(e até temerária) viagem à capital(então no Rio de Janeiro) para reivindicar melhores condições trabalhistas e humanitárias para sua categoria. Até mesmo direito à aposentadoria eles não tinham. (Mas é sempre bom conferir essas informações que estou passando aqui nesse post.) E no meio disso, percebeu ele que sua tarefa era muito mais do que representar só os pescadores de um estado.,Era, outrossim, falar em nome de todos os pescadores do Brasil.


Esse caso gerou polêmica na ocasião, até mesmo pelo fato do inusitado encontro desse homem de cultura simples com o cineasta de “Cidadão Kane” que SIM, já visitou o Brasil(uma única vez) afim de produzir um documentário sobre pescadores, que entretanto jamais foi concluído.

Sobre mesmo a questão de grupo, de solidariedade, é interessante observar que o mar nos remete à duas ideias, à principio diametralmente opostas: A de solidão e a de irmandade.


Ora, porque quando marinheiros e pescadores se aventuram no mar, ao mesmo tempo que se isolam do continente, da terra firme, e por conseguinte, de seus entes queridos, ao mesmo tempo, sua família passa a ser a tripulação do barco a qual estão irremediavelmente ligados. (Ainda que temporariamente.)


Os surfistas passam a ideia de serem muito irmanados entre si, com suas terminologias, músicas,vestiários e códigos próprios e paradoxalmente, parecem ser muito fechados e distintos daqueles que não são praticantes de seu esporte.


Muitos filmes, novelas e livros tratam desse tema: O da Solidão Absoluta que leva para seu exato oposto, o da Sociabilidade Absoluta, como que a confirmar o caráter circular do Mar, onde um polo oposto nos leva imediatamente ao outro.


Muitos são os que costumam dizer que precisam “recarregar” suas baterias, energias, no mar. Ou rogam para que as ondas do mar levem suas tristezas e tragam-lhe bênçãos. E Muitos pedem isso para Iemanjá, aqui no Brasil, sobretudo.


De qualquer forma o mar esta em nós. Muito mais do que só uma afirmação de cunho filosófico, teológico ou poético, ela tem de certa forma, sua confirmação empírica, quase no sentido literal, pois: Somos muitos mais constituídos por água do que podemos supor e o nosso planeta também, embora a quantidade de água potável disponível seja ínfima.


Essas duas afirmações que fiz(que nosso corpo é composto muito mais por água e nosso planeta é mais agua do que Terra) costuma ser reinterada pelos cientista de diversas áreas.

Nutricionistas costumam recomendar que consumamos cerca de cinco litros de água por dia. ATENÇÃO: FAVOR CONFIRMAR ESSA AFIRMAÇÃO COM UM ESPECIALISTA COM REGISTRO E SÉRIO POIS. (EU NÃO SOU NUTRICIONISTA.


Lavar com água limpa é o primeiro procedimento que se deve ter ao se ferir: Lavar a ferida. E mesmo no caso dos olhos serem atingidos, lavar com água e levar de imediato ao pronto socorro é o que se recomenda.

O mar é um meio estranho e aparentemente muito hostil e caprichoso, por isso talvez exerça tanto fascínio e temor na Humanidade. Não somos seres do mar e no entanto viajamos entre os continentes, desde áureos tempos e obtemos alimento por meio de suas águas.
Recentemente (Faz poucas décadas) obtemos energia elétrica através da energia cinética (movimento) das quedas d água, por meio das Hidroelétricas

E a despeito da discordância de muitos religiosos( e é mister respeitar TODOS OS PONTOS DE VISTA) As Ciências da Natureza afirmam, em suas teorias, que a vida aqui no planeta Terra começou no mar.


Começou, segundo a teoria mais vigente nas Ciências Naturais, com organismos unicelulares. (E o que vem a ser “unicelular”*?)


Nas espécies animais (Se levarmos em consideração a acepção estritamente cientifica, nós, humanos, somos formas de vida animal) a classe dos peixes evoluiu para a classe dos anfíbios e essa classe para a classe dos repteis. Portanto, os primeiros animais a andar sobre a terra seca e a respira o oxigênio no ar (ao invés do diluído na água) foram os anfíbios.

Será mera coincidência que o signo tão ligado à espiritualidade e fugas (por meio de bebidas, ou pela arte) seja o de peixes?! Um signo tão associado ao sonho, à pessoas sensíveis e românticas... e mais, que o símbolo de uma das religiões( o Cristianismo) que mais pregam a abnegação e o esquecimento e abandono das “coisas desse mundo” seja o peixes. Peixe que é um ser vivo que vive em outro mundo: O mundo aquático.

Encerro essas considerações com uma recomendação, que eu e muitos, não se cansam de repetir: VAMOS ECONOMIZAR AGUA!!!

• Unicelulares são seres vivos compostos de uma só célula. Tais como bactérias(reino Monera), protozoários(reino Protista) e alguns fungos(Reino Fungi) Os Vírus ficam de fora desses exemplos, porque até então, por não realizar certas funções metabólicas que o definiriam como um ser vivo, ele fica como que(em minha linguagem de leigo no assunto) “a meio caminho” entre um ser vivo e um ser bruto.


Assina esse artigo Wanderson Silva de Souza (leia-se "Uanderson")
Filosófo, Político, Poeta, Ator e Quadrinista.

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