O rosto humano. O rosto das pessoas. Você olha para as pessoas. Para o seu rosto. Sou flamenguista. Bem... sou flamenguista e tenho absoluto desinteresse por futebol. Flamengo ganha, eu não comemoro. Flamengo perde e eu nem ligo. Mas... e os flamenguistas de carteirinha?! Num programa de TV fizeram um teste: Um jogador muito estimado dos torcedores rubro-negros andou pelo Centro da Cidade às cinco horas da tarde e foi pedindo informação à todos os transeuntes que estivessem com a camisa do rubro-negro. E nada. Ninguém o reconheceu. O jogador era o “Negueba”(É esse o nome?). Eu não o reconheceria. Acho mesmo que fiquei sabendo da existência dele nesse programa. E será que se o Gilberto Gil me aborda-se na rua eu o reconheceria? E se ele estivesse disfarçado? Como se fosse numa pegadinha. Com uniforme de carteiro, de PM, de gari seria ainda mais difícil reconhecer. Parece que quando estamos exercendo nossa função, nós deixamos de ser pessoas. Quando estamos rezando a missa, o culto, a sessão... quando estamos de caixa de supermercado, ou de batina, ou de farda ou de jaleco, nós não estamos sendo pessoas, estamos sendo o “padre”, o “policial”, “caixa de supermercado”, o “gari”, o “médico”. Como se virássemos outra coisa, uma maquina, sei lá. Isso parece uma atitude esquizofrênica, como se o “João” não estivesse lá na hora em que o João esta exercendo sua função de taxista ou de professor. “ - Agora eu não sou a Julia, agora eu sou a cobradora.”
As pessoas são sem rosto simplesmente porque não olhamos para ele. Não se trata da pessoa ter sua imagem massificada na mídia. Além disso, será que se nosso pai, mãe, filho, se se dirige a nós num contexto em que não esperamos em que ele esteja, nós o reconheceríamos? Ou estamos no automático e simplesmente vivemos o dia-a-dia mecanicamente, nos relacionando uns com os outros como se fossemos peças de uma engrenagem, sem vivermos interações mínimas?
Mínimas mesmo, como um simples boa tarde, um “muito obrigado” ou só olhar para o rosto. Não precisa nem sorrir ou olhar nos olhos. Levantar de cabeça, perder uns dois segundos para olhar o rosto de quem esta te perguntando a hora, te servindo ou te medicando... É como se cada segundo de nosso tempo fosse economizado. Imagine se cada pessoa que nós gastamos dois segundos para olhar no rosto, no fim do dia, devem dar umas três horas de tempo a menos. Uma hora que poderíamos estar gastando melhor olhando para o rosto de nosso amigos dos realitys shows, dos programas de auditório e novelas de título genéricos.
Trazemos a avareza agora para o campo das relações humanas. Ou seja: Em suas expressões mais ordinárias nós somos avaros em nossas emoções. Avaro é uma pessoa “pão dura”, “mão de vaca”, “canquinha”.
Relegamos nossas emoções e nossa humanidade somente para as ocasiões especiais: Nascimento do filho, quando revemos os pais e nossa cidade da qual nos ausentamos por anos a fio, as vitimas de tragédias. Parece que nossas emoções humanas estão tão enferrujadas que precisam de um evento de grande monta para poder ter forças para se manifestar.
E, no dia-a-dia somos apenas “caras”, e “minas”. Só transeuntes. No nosso dia-a-dia somos nossas agendas e nossos compromissos e nossa face humana, nossa completude mais rica e contraditória nós deixamos só para as grandes ocasiões. Na maior parte do tempo apenas deixamos transparecer uma parcela bem mínima e genérica de nosso “Eu”.
Vamos olhar no rosto das pessoas. Temos dois pontos a favor dessa atitude:
Primeiro é que estaremos exercitando nossos “músculos emocionais”.
E segundo que um simples olhar no rosto, nos tempos de hoje, já vale por um sorriso.
Na foto o modelo sou eu mesmo.
O fotografo: Dimas de Fonte.(Ver os textos dele em seu blog "ABC Imaginário)
Texto de Wanderson Silva de Souza.
As pessoas são sem rosto simplesmente porque não olhamos para ele. Não se trata da pessoa ter sua imagem massificada na mídia. Além disso, será que se nosso pai, mãe, filho, se se dirige a nós num contexto em que não esperamos em que ele esteja, nós o reconheceríamos? Ou estamos no automático e simplesmente vivemos o dia-a-dia mecanicamente, nos relacionando uns com os outros como se fossemos peças de uma engrenagem, sem vivermos interações mínimas?
Mínimas mesmo, como um simples boa tarde, um “muito obrigado” ou só olhar para o rosto. Não precisa nem sorrir ou olhar nos olhos. Levantar de cabeça, perder uns dois segundos para olhar o rosto de quem esta te perguntando a hora, te servindo ou te medicando... É como se cada segundo de nosso tempo fosse economizado. Imagine se cada pessoa que nós gastamos dois segundos para olhar no rosto, no fim do dia, devem dar umas três horas de tempo a menos. Uma hora que poderíamos estar gastando melhor olhando para o rosto de nosso amigos dos realitys shows, dos programas de auditório e novelas de título genéricos.
Trazemos a avareza agora para o campo das relações humanas. Ou seja: Em suas expressões mais ordinárias nós somos avaros em nossas emoções. Avaro é uma pessoa “pão dura”, “mão de vaca”, “canquinha”.
Relegamos nossas emoções e nossa humanidade somente para as ocasiões especiais: Nascimento do filho, quando revemos os pais e nossa cidade da qual nos ausentamos por anos a fio, as vitimas de tragédias. Parece que nossas emoções humanas estão tão enferrujadas que precisam de um evento de grande monta para poder ter forças para se manifestar.
E, no dia-a-dia somos apenas “caras”, e “minas”. Só transeuntes. No nosso dia-a-dia somos nossas agendas e nossos compromissos e nossa face humana, nossa completude mais rica e contraditória nós deixamos só para as grandes ocasiões. Na maior parte do tempo apenas deixamos transparecer uma parcela bem mínima e genérica de nosso “Eu”.
Vamos olhar no rosto das pessoas. Temos dois pontos a favor dessa atitude:
Primeiro é que estaremos exercitando nossos “músculos emocionais”.
E segundo que um simples olhar no rosto, nos tempos de hoje, já vale por um sorriso.
Na foto o modelo sou eu mesmo.
O fotografo: Dimas de Fonte.(Ver os textos dele em seu blog "ABC Imaginário)
Texto de Wanderson Silva de Souza.
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